Pervertida: vertida para Ele

Quando uma mulher entrega-se a um Dominador, se lança numa espécie de abismo, onde ela torna-se gradualmente a escrava sob medida para Ele.

Obedecer, agradar e submeter-se, a elevam a prazeres antes desconhecidos.

Os desejos tornam-se mais dinâmicos e um acena para o outro com o inédito, renovado a cada dia.

Tudo em volta apaga-se: uma escrava é parte daquele a quem pertence.

Não que ela faça sem critérios, longe disso, ela sabe bem o que é a vergonha, o pudor, a vaidade e a auto estima, mas com Ele consegue afogar tudo isso e finalmente ceder.

A escrava, submissa, propriedade, é o continente dos anseios de seu Dono...
A pervertida que o sacia e realimenta suas vontades. É vertida para Ele.

“As perversões não são bestialidades nem degenerações no sentido patético dessas palavras. São o desenvolvimento de germes contidos, em sua totalidade, na disposição sexual indiferenciada da criança, e cuja supressão ou redirecionamento para objetivos assexuais mais elevados — sua “sublimação” — destina-se a fornecer a energia para um grande número de nossas realizações culturais.”

Sigmund Freud

“A mais elevada de todas as loucuras - dizia ela -, é envergonharmo-nos das inclinações que recebemos da natureza; e fazer pouco dum qualquer indivíduo que tem gostos singulares, é absolutamente tão bárbaro como o seria mofar dum homem ou duma mulher saído zarolho ou coxo do seio da mãe, mas insinuar estes princípios razoáveis a néscios é empreender parar o curso dos astros.”

       Sade, em O Estratagema do Amor

"O corpo, lugar de dissolução do eu, volume em perpétua pulverização, traz consigo em sua vida e em sua morte, em sua força e em sua fraqueza, a inscrição de todos os acontecimentos e conflitos, erros e desejos."

 M. Foucault

"A única anormalidade é a incapacidade de amar."

Anaïs Nin